Apurmed, o aplicativo que ajuda os médicos a escrever prescrições

Desenvolvida em Burkina Faso, essa solução digital reduz o risco de prescrição de medicamentos incompatíveis entre si ou inadequados para a saúde do paciente.

Reprodução rápida

Esse aplicativo, desenvolvido pelo laboratório de TI médica, lista mais de 4.000 medicamentos.

As opções de uso significam que os médicos podem evitar erros de medicação

De acordo com os especialistas, se for amplamente utilizado, ele revolucionará o atendimento ao paciente.

Por Abdel Aziz Nabaloum

O Laboratório de Informática Médica (LINFOMED) em Burkina Faso desenvolveu um aplicativo chamado APURMED (Application pour l’usage rationnel du médicament – Aplicativo para o uso racional de medicamentos), que pode ser usado para encontrar dados científicos sobre um medicamento, pesquisar seus equivalentes e analisar uma prescrição médica.

“Trata-se de verificar se um medicamento combinado com outro em uma prescrição é compatível ou não, e analisar se um medicamento prescrito é ou não contraindicado pelo perfil do paciente”, explica Bienvenu Tinguéri, farmacêutico-biólogo, especialista em farmacologia clínica e coordenador do LINFOMED.

A ideia de desenvolver a APURMED surgiu da observação de que a disponibilidade de medicamentos era “baixa” e seu uso “não era racional” em Burkina Faso.

“Ao aprender mais sobre medicamentos, percebemos que quase metade de todas as prescrições apresenta sérios problemas de erros de medicação evitáveis”, diz Bienvenu Tinguéri.

“É importante melhorar as prescrições para um melhor atendimento. Por isso, pensamos que a alavanca que precisávamos ativar seria o uso racional de medicamentos”, explica o coordenador do LINFOMED.

Para download na Playstore, o aplicativo foi desenvolvido para profissionais de saúde, estabelecimentos de saúde públicos e privados, etc., para ajudá-los a melhorar as prescrições médicas.

Bienvenu Tinguéri destaca que ele lista mais de 4.000 medicamentos, com opções para análise, prescrição, interações e busca de equivalentes.

“Em relação aos medicamentos disponíveis, seu uso é prejudicado por uma série de deficiências, como erros de prescrição, dispensação, conformidade, desperdício e falta de estoque”, lamenta.

“Os erros médicos relacionados ao homem são potencialmente evitáveis. No entanto, acreditamos que as capacidades humanas são insuficientes para o uso racional de medicamentos, devido ao grande número de medicamentos e suas propriedades. É por isso que propusemos essa solução digital”, acrescenta.

Depois que o aplicativo foi projetado, ele foi testado com sucesso na farmácia Remedis em Bobo-Dioulasso, na Jobber em Ouagadougou e na Zoodo em Koudougou.

Gérard Bationo, farmacêutico da Diretoria de Laboratórios do Ministério da Saúde, é um dos usuários do APURMED. Em sua opinião, esse é um aplicativo muito útil, e seu uso contribuirá para o uso mais “racional” de medicamentos.

“As respostas às consultas são obtidas rapidamente e é fácil de usar – em princípio, você não precisa de nenhum treinamento. Você só precisa de um pouco de explicação e acesso, mas ainda assim precisa estar familiarizado com os conceitos de saúde. Além disso, ele incorpora vários parâmetros de interesse profissional relacionados a medicamentos”, diz ele.

 De acordo com esse último, o APURMED é “o primeiro aplicativo em Burkina Faso que pode analisar uma prescrição médica e tomar rapidamente uma decisão para otimizar o uso de medicamentos”.

Por exemplo”, explica Gérard Bationo, “graças aos resultados das análises de prescrição, podemos evitar uma interação medicamentosa arriscada em um paciente, bem como uma combinação de medicamentos incompatíveis.

Isso porque, ele explica, “informações detalhadas sobre o uso do medicamento estão disponíveis, e também é possível pesquisar equivalentes de medicamentos e descobrir o custo estimado ou indicativo de um tratamento”.

“Tudo isso me parece muito importante e decisivo em termos terapêuticos. O APURMED pode, sem dúvida, mudar hábitos, contribuir para a educação continuada sobre medicamentos e ter um impacto positivo no tratamento e, portanto, em nosso sistema de saúde, se for adotado e popularizado”, conclui Gérard Bationo.

O aplicativo foi desenvolvido como parte da Iniciativa de Agências de Concessão de Pesquisa Científica (SRGI).