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[MAUN, BOTSWANA] Investigadores do Botswana converteram areia comum em produtos químicos especializados para minas que poderão reduzir em um terço os custos operacionais das minas do país e acabar com…
- Cientistas transformam areia local em produtos químicos especializados para mineração
- A inovação reduz os custos mineiros em 30 por cento e acaba com a dependência das importações
- Várias empresas mineiras manifestam interesse em efetuar testes-piloto
[MAUN, BOTSWANA] Investigadores do Botswana converteram areia comum em produtos químicos especializados para minas que poderão reduzir em um terço os custos operacionais das minas do país e acabar com a sua dependência de produtos químicos importados.
Os cientistas da Universidade Internacional de Ciência e Tecnologia do Botsuana (BIUST) desenvolveram um composto químico para a extração de minerais utilizando areia de origem local – uma inovação que, segundo eles, já atraiu o interesse de empresas mineiras interessadas em testar a inovação.
Atualmente, o Botsuana importa 100% dos seus produtos químicos mineiros da China, da África do Sul e dos Estados Unidos, criando dependências dispendiosas e vulnerabilidades na cadeia de abastecimento.
Da areia ao produto químico
O projeto de três anos, que decorreu de 2021 a 2023, foi financiado pela Science Granting Councils Initiative e pelo Ministério do Ensino Superior, Investigação, Ciência e Tecnologia, em colaboração com a Midlands State University do Zimbabué.
O investigador principal, Gwiranai Danha, professor do Departamento de Engenharia Química, de Materiais e Metalúrgica da BIUST, explica que o processo é semelhante ao de fazer geleia a partir de uma mistura de areia e de um produto químico espessante
A equipa utiliza a areia local num processo chamado síntese sol-gel, em que partículas minúsculas são transformadas em gel para produzir produtos químicos que extraem metais valiosos de minérios.
“Gradualmente, este líquido engrossa e forma um material semelhante a um gel que, uma vez solidificado, cria partículas minúsculas chamadas nanopartículas”, explicou Danha.
“As nanopartículas são ainda modificadas para melhorar as suas propriedades para aplicações específicas no processamento de minerais. O resultado é um material inovador e único que pode melhorar significativamente a eficiência e a sustentabilidade da indústria mineira no Botswana”.
Benefícios ambientais
Os testes preliminares mostram que os produtos químicos produzidos localmente proporcionam uma maior eficiência na recuperação de metais, reduzindo significativamente as emissões ambientais e alcançando rendimentos de recuperação mais elevados.
Danha afirmou que há “uma redução significativa das emissões ambientais e rendimentos de recuperação mais elevados, o que se traduz diretamente num aumento da rentabilidade.
“O projeto aborda a degradação ambiental através da eliminação de resíduos perigosos, da redução da lixiviação de produtos químicos para o solo e para as massas de água, para além de aumentar a eficiência dos recursos e reduzir a necessidade de métodos de extração agressivos”, afirmou.
Os benefícios ambientais vão para além da redução de resíduos. A utilização de materiais locais requer menos energia e reduz a pegada de carbono das operações de processamento de minerais.
Positivo
A resposta do sector mineiro foi positiva, disse Danha.
“Várias empresas mineiras já manifestaram interesse em efetuar testes-piloto”.
James Othapile, engenheiro químico do Botswana e membro da Instituição de Engenheiros Químicos do Reino Unido, elogiou o potencial do projeto para impulsionar o crescimento do sector mineiro do Botswana através da otimização dos lucros e da criação de emprego.
Afirmou que a utilização de matérias-primas locais aumentará o produto interno bruto do país, reduzindo simultaneamente o impacto ambiental.
No entanto, Othapile diz que há necessidade de uma implementação comercial cuidadosa, aconselhando os investigadores a estabelecerem parcerias com especialistas em engenharia, aprovisionamento, construção e gestão para conceber e otimizar as instalações metalúrgicas.
“Os testes comerciais teriam de ser efectuados em ambientes de fábricas em funcionamento, com elevados riscos de segurança, saúde, ambientais e financeiros a considerar”, explicou, sublinhando a importância de um caso de negócio estanque e de um plano de testes sem riscos.
Para além da exploração mineira
Danha vê a inovação como um modelo replicável para nações ricas em recursos mas sensíveis ao ambiente.
“O projeto também demonstra como a inovação sustentável e liderada localmente pode impulsionar a transformação industrial, preservando simultaneamente os ecossistemas naturais”, afirmou.
Acrescenta que a inovação é “altamente escalável e adaptável ao tratamento de água no sector agrícola, como nanofertilizantes e fabrico de materiais avançados em sectores como a eletrónica e a energia”.
Danha acrescenta que a inovação representa um modelo de desenvolvimento industrial sustentável que outras nações africanas poderiam replicar.
Este artigo foi escrito por: Baboki Kayawe | 27 de maio de 2025
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