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[LAGOS] Investigadores nigerianos criaram um dispositivo híbrido alimentado a gás e a energia solar que automatiza a produção do garri nigeriano, melhorando a eficiência e reduzindo os riscos para a…
- Máquina movida a gás e energia solar promete tornar a produção de garri mais segura
- O “Jolly Frier” visa os riscos para a saúde enfrentados pelos produtores - sobretudo mulheres e raparigas
- Os investigadores dizem que a máquina está pronta para ser comercializada
[LAGOS] Investigadores nigerianos criaram um dispositivo híbrido alimentado a gás e a energia solar que automatiza a produção do garri nigeriano, melhorando a eficiência e reduzindo os riscos para a saúde dos produtores.
O garri, uma farinha granulada feita a partir da mandioca, é normalmente produzido utilizando um fogão a lenha. Isto coloca as pessoas que o produzem – na sua maioria mulheres e raparigas – em risco de doenças respiratórias e cardíacas.
A Organização Mundial de Saúde associa cerca de 3,2 milhões de mortes por ano, a nível mundial, à poluição atmosférica doméstica causada por fogões e combustíveis sujos, como a lenha, sendo as mulheres dos países de baixo e médio rendimento as que mais sofrem.
“Um dos nossos principais objectivos é acabar com a exposição ao fumo, substituindo o uso da lenha por energia limpa e renovável”, diz Cecilia Oluwamodupe, a investigadora principal da Universidade de Ciência e Tecnologia Olusegun Agagu, no estado nigeriano de Ondo.
Diz que a máquina, denominada Jolly Frier, irá garantir a segurança dos produtores de garri. “Os riscos para a saúde serão reduzidos ou totalmente eliminados”, acrescenta.
Oluwamodupe explica que a sua equipa queria ajudar a combater a insegurança alimentar na Nigéria utilizando um produto fabricado localmente.
O garri, que é muito consumido na Nigéria e noutros países da África Ocidental, é feito através da fermentação da mandioca moída, retirando o excesso de água, peneirando-a e fritando-a para obter a sua forma final.
O Jolly Frier tem três partes fundamentais: um tambor que agita o garritopara evitar a formação de grumos; um painel de controlo que gere a temperatura e a pressão e uma câmara de aquecimento a gás.

Além disso, possui um rotor alimentado por energia solar e um sistema de desligamento automático que reduz a necessidade de monitorização constante.
Assim que o garri estiver devidamente frito, o sistema desliga-se automaticamente, permitindo que o produto final seja recolhido de forma segura e eficiente.
Oluwamodupe diz que a nova tecnologia tornará o processamento do garri muito mais fácil para as mulheres e raparigas que, na sua maioria, o fazem.
“Com base na nossa validação do mercado, 90% dos produtores de garri são mulheres e jovens”, explica.
“De facto, em toda a nossa validação no sul da Nigéria, só encontrámos um ou dois homens entre centenas de mulheres e jovens raparigas a fritar garri”.
Financiado pela Science Granting Councils Initiative (SGCI) em colaboração com o Tertiary Education Trust Fund (TETFund) da Nigéria, o Jolly Frier foi desenvolvido por uma equipa de investigação de cinco membros de instituições de investigação de toda a Nigéria.
Foi um dos quatro protótipos desenvolvidos pela equipa através da Iniciativa de Investigação para o Impacto (R4i), uma parceria entre o TETFund e o Innov8 Hub, um centro de inovação sediado em Abuja.
“Recebemos uma subvenção de 250 000 dólares da SGCI para implementar quatro projectos que envolvem investigação e inovação, incluindo o Jolly Frier”, afirma Hadiza Ismail, diretora-adjunta do TETFund e coordenadora principal do projeto da SGCI na Nigéria.
“A SGCI também reforçou as nossas capacidades em termos de gestão da investigação”, acrescenta Ismail, citando os seminários organizados pela SGCI.
O projeto teve início em julho de 2024 e a sua conclusão está prevista para junho de 2025.
Pronto para o mercado
De acordo com os investigadores, já foi desenvolvido e analisado um protótipo, estando em curso os testes finais, e os direitos de propriedade intelectual já foram assegurados.
“Estamos agora a preparar a produção em massa e a comercialização”, acrescenta Oluwamodupe.
Diz que tem havido um interesse substancial por parte dos produtores de garri, ansiosos por integrar a tecnologia nas suas operações.
“Esta inovação vai aumentar a produção, melhorar a qualidade do produto e eliminar os riscos para a saúde associados aos métodos tradicionais de processamento”, diz Oluwamodupe.
Acrescenta: “Embora o custo inicial possa ser elevado, uma comunidade pode investir coletivamente numa unidade e os empresários podem também comprar várias máquinas para estabelecer centros de fritura de garri”.
Matthew Oluwamukomi, professor de ciência e tecnologia alimentar na Universidade Federal de Tecnologia de Akure, está otimista quanto ao facto de a inovação poder aumentar a capacidade das mulheres rurais para produzir garri em grande escala.
“A produção de garri é um negócio lucrativo e esta tecnologia irá, sem dúvida, eliminar o trabalho árduo associado à sua produção”, afirma. “Não temos outra opção senão adotar a tecnologia para combater a insegurança alimentar. Temos de investir nela para facilitar a produção de alimentos”.
Este artigo foi escrito por: Afeez Bolaji
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