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No seu relatório 2022 National Research Outlook, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Uganda (UNCST) salienta que a proporção de mulheres nas instituições de investigação e de ensino…

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  • A ausência de legislação adequada é um dos factores que perpetuam esta desigualdade entre homens e mulheres
  • No Uganda, apenas 28% dos investigadores são mulheres e 24% dos doutorados são mulheres
  • A desigualdade manifesta-se em diferenças de remuneração e de comportamento humano

No seu relatório 2022 National Research Outlook, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Uganda (UNCST) salienta que a proporção de mulheres nas instituições de investigação e de ensino superior do país aumentou nos últimos 15 anos.

No entanto, como refere o mesmo documento, apenas 28% dos investigadores ugandeses são mulheres. Uma percentagem que tende a ser ainda mais baixa em áreas geralmente dominadas por homens, como a engenharia e a tecnologia.

Além disso, entre 2010 e 2020, menos de um quarto (24%) dos doutorados no Uganda eram mulheres.

Estes números põem em evidência o problema da desigualdade de género na investigação científica em África.

Um tema que é um dos principais focos da SGCI(Science Granting Councils Initiative)[1]um programa implementado na África Ocidental, Oriental e Austral para reforçar as capacidades dos organismos que concedem bolsas de investigação.

Apoiado pelo Centro Internacional de Investigação para o Desenvolvimento (IDRC) e por cinco outras organizações[2], o SGCI tem por objetivo promover investigação e políticas baseadas em dados concretos que contribuam para o desenvolvimento económico e social.

Diakalia Sanogo, Especialista Sénior de Programas para o Escritório Regional do IDRC para a África Ocidental e Central, tem uma ideia clara das razões para esta persistente desigualdade de género.

Com efeito, afirma que a falta de legislação adequada e a fraca aplicação das políticas de financiamento da ciência e da investigação têm constituído obstáculos à concretização da igualdade e da inclusão do género.

“Muito tem sido feito para integrar a igualdade de género e a inclusão, particularmente na ciência, tecnologia e inovação, mas a transformação do género precisa de soluções reais”, diz a investigadora.

Diakalia Sanogo recorda, a propósito, que estas desigualdades se manifestam “nas diferenças salariais e no comportamento humano. É por isso que dizemos que é importante eliminar os comportamentos negativos através da sensibilização e do diálogo”.

Para Ingrid Lynch, investigadora principal do projeto SGCI sobre igualdade de género e inclusão, as manifestações desta desigualdade podem ser vistas bastante cedo no sistema educativo. Segundo ela, um dos primeiros lugares onde as raparigas se perdem no sistema educativo é no ensino básico.

“Temos muitas respostas políticas que estão a tentar resolver esta parte do problema das fugas”, diz Ingrid Lynch, que também trabalha no Conselho de Investigação em Ciências Humanas na África do Sul

Chama também a atenção para o facto de apenas alguns países terem as chamadas políticas de continuação, em que as raparigas são verdadeiramente apoiadas para terem pleno acesso ao seu direito à educação.

Na Serra Leoa, por exemplo, as raparigas podem ficar na escola o tempo que quiserem e regressar depois de darem à luz.

Steven Sebbale, membro do Conselho Nacional para a Ciência e Tecnologia do Uganda, considera que encontrar a solução para as desigualdades de género significa examinar as contradições estruturais, históricas e contextuais que perpetuam os problemas de género no sistema.

A título de exemplo, refere a disparidade geográfica entre universidades. As universidades públicas têm uma concentração excessiva da atividade de investigação nos centros urbanos e as universidades mais remotas são deixadas para trás. Os investigadores que aí trabalham não estão expostos a oportunidades de financiamento.

“Criámos uma aliança para a igualdade de género na investigação, que essencialmente juntou investigadores destas diferentes universidades satélite à volta da mesa para ouvir as suas histórias, e conseguimos desenvolver um roteiro para bolsas de investigação e educação inclusivas”, diz Steven Sebbale.

O objetivo é “permitir que estas universidades desenvolvam políticas de género e desconstruam algumas destas disparidades de longa data”.

Daí a observação de Diakalia Sanogo de que, embora o SGCI não tenha forçado a mudança através da utilização do financiamento como um chicote, incitou os conselhos, alguns dos quais tinham sido cegos em relação ao género, a verem os benefícios da inclusão do género através de uma abordagem participativa.

Participam neste programa 17 países africanos. São eles o Quénia, o Ruanda, o Uganda, a Tanzânia, a Etiópia, o Burkina Faso, a Costa do Marfim, o Gana, a Nigéria, o Senegal, a Serra Leoa, o Botsuana, o Malawi, a Namíbia, Moçambique, a Zâmbia e o Zimbabué.


[Iniciativa das agências de financiamento da investigação científica (SRGI)

[A Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (Sida), a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad), o Foreign, Commonwealth and Development Office (FCDO) do Reino Unido, a National Research Foundation (NRF) da África do Sul e aGerman Research Foundation (DFG).

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