Descobrir o género e a inclusão nos primeiros trabalhos da SGCI

A Science Granting Councils Initiative (SGCI) fez progressos notáveis no reforço dos sistemas de investigação na África Subsariana. No entanto, uma recente análise rápida dos documentos da Fase 1 da SGCI salienta que o género e a inclusão (G&I), embora presentes, nem sempre estiveram na vanguarda da conceção ou implementação do programa.

Uma presença subtil mas persistente

A revisão analisou 71 documentos, incluindo relatórios, estratégias e inquéritos, para avaliar a forma como a G&I foi apresentada no SGCI-1. Os resultados mostram que:

• O género foi principalmente enquadrado como binário, referindo-se a “mulheres” e “homens”, com pouca menção a outras dimensões como a idade, a deficiência ou a etnia.
• A G&I surge de forma mais visível na participação em eventos, nomeadamente na contagem do número de mulheres que assistem a reuniões ou intervêm em painéis.
• A nível organizacional, verificou-se uma lacuna notável: enquanto os indivíduos manifestaram interesse na integração da perspetiva de género, as instituições classificaram-na como uma prioridade baixa.

Bolsas de progresso

Apesar destas limitações, foram dados passos importantes:

• O Quadro de Integração da Perspetiva de Género e o Plano de Ação, desenvolvidos por recomendação dos doadores e da Equipa de Gestão da Iniciativa da SGCI (IMT), tornaram-se um resultado fundamental que orienta a implementação da Fase 2.
• Os exercícios de avaliação comparativa do desempenho realizados em anos posteriores revelaram disparidades significativas entre os géneros, como a sub-representação das mulheres e das pessoas com deficiência na liderança e no financiamento da investigação.
• Alguns países participantes no SGCI, incluindo o Botsuana, o Gana e Moçambique, identificaram a G&I como uma área-chave para o reforço das capacidades no SGCI-2.

Olhando para o futuro

A análise sublinha que a visibilidade é importante. Quando a G&I é intencionalmente incluída, expõe lacunas críticas – oferecendo oportunidades de reforma. A experiência da Fase 1 lançou as bases para:

• Institucionalizar a integração da perspetiva de género como um resultado formal no quadro de acompanhamento e avaliação do SGCI-2.
• Incentivar os conselhos a ir além da representação numérica e a abordar as desigualdades estruturais na investigação e inovação.
• Enquadrar a inclusão como um motor da excelência científica e não como um mero complemento.

À medida que a SGCI continua a sua jornada, a incorporação profunda e sistemática da G&I será essencial para a construção de sistemas científicos equitativos e eficazes em toda a África.